Ao retomar o controle de nossos corpos, recorro ao feminino ancestral que é a base que nos protege. Sigo procurando o fio que se perdeu no tempo, percorrendo as vidas de nossas mães, avós, bisavós. Abro a caixa de memórias e encontro alguns pedaços, rezas, receitas, joias de poder, segredos e objetos. 
Escolho entre eles o que me provoca. Reconstruo a forma sem perder os traços de seu tempo. O resultado do objeto joia traz novas possibilidades, podemos mover, rearranjar, girar sobre o eixo. Outras formas acontecem e transbordam significados. O que estava recolhido e fechado em sua função é reinventado. 
Em outro processo resguardo a forma original, esta não se perde, está contida, porém modificada. Segue protegida por camadas. As coisas estão ligadas por uma memória. Sobreposição de significados. Reconstrução, identidade, pertencimento, acolhimento, raízes, linha tênue sanguínea mostrada pelo ferro enferrujado estampado no tecido que a recobre.  
Enquanto se desenrola fios, linhas, nós, objetos, imagens, histórias, surgem os materiais e conceitos das joias aqui apresentadas. Chego em uma forma síntese, ponto de apoio e conexão. 
E por fim tudo o que habita dentro de mim se encontra no centro, amalgama de veias, flores, e sangue, se entrelaçam gerando a forma.